No interior de Pradópolis, cidade de 20 mil habitantes a 300 quilômetros de São Paulo, por sua vez, o 5G já é realidade. É onde fica a usina São Martinho, maior unidade de processamento de cana do grupo com o mesmo nome. A São Martinho investiu para ter seu próprio sinal 5G e, com ele, levar uma nova revolução ao campo.
O projeto foi concebido em parceria com a operadora de telefonia Tim, e com equipamento da Ericsson, e disponibiliza sinal 4G e 5G tanto para uso privado quanto para a comunidade no entorno da usina. O objetivo é ampliar as possibilidades do uso de inteligência artificial na fazenda e na fábrica. “Cerca de 80% do custo da nossa indústria está da porteira para dentro, e investir em tecnologia é essencial para melhorar a produtividade”, afirma Fábio Venturelli, CEO da São Martinho.
As tradicionais usinas de açúcar e álcool estão em transformação. Esta semana, a Cosan, um dos mais tradicionais grupos do setor, por exemplo, anunciou investimento de até 22 bilhões de reais para virar acionista da mineradora Vale. A aposta da empresa é em se fortalecer como um gestor de portfólio de energia, commodities e transporte. A São Martinho, em outra direção, segue buscando oportunidades da porta para dentro, mirando o potencial do mercado energético nas próximas décadas.
“A indústria de cana no Brasil é a que produz, no mundo, o barril de carbono ao menor custo, e isso é um imenso diferencial competitivo”, diz Venturelli.
A São Martinho tem em Pradópolis a maior usina de cana do país, com 10 milhões de toneladas de capacidade. É a mesma produção da Costa Rica, por exemplo. No total, as 4 usinas da companhia têm capacidade de 25 milhões de toneladas. A companhia faturou 5,7 bilhões de reais no balanço divulgado este ano, um avanço de 33% em relação a 2021. A margem operacional chegou a 54,5%, ante 50,6% no ano anterior.
A companhia já produz o dobro da média nacional: são mil toneladas por colhedora por dia. Seguir crescendo, e ampliando a produtividade, é um desafio para o qual a empresa busca cada vez mais respostas na tecnologia. “Os 400 mil hectares de nossa propriedade têm conexão 5G melhor que em São Paulo”, diz o CEO.